O regime de publicação de títulos da editora Sergio Bonelli ocorre no Brasil como ondas, durante muitos anos só encontrávamos em banca Tex e Zagor, mas outros personagens já foram publicados no Brasil, dentre os quais Júlia Kendall e Ken Parker são os que se mantiveram por mais tempo. A redescoberta dos personagens pelos leitores começa em 2017 e várias editoras surgiram com suas iniciativas.
 

Mas entre tantas, foi neste ano de 2020 que as edições do título principal de Mister No começaram a chegar numa nova publicação pela editora Red Dragon. Foram originalmente 379 edições publicadas na Itália entre junho de 1975 e dezembro de 2006, enquanto no Brasil observamos várias tentativas de publicação.

 

Ainda nos anos 70 a editora Noblet publicou oito edições sem autorização da Sergio Bonelli Editore. Na década de 1990 foi a vez da editora Record lançar 20 números. E por fim, a editora Mythos publicou 24 números mensais e mais seis histórias na revista Seleção Tex e os Aventureiros entre agosto de 2002 e dezembro de 2005. Além dos especiais da editora 85 nesses dois últimos anos, em 2013 a Mythos publicou a última edição do personagem numa revista homenagem ao Sergio Bonelli, inclusive com historinhas do Mister Bo, uma sátira criada pelo próprio Sergio.
 
Acontece que depois da Noblet e Record, a Mythos teve uma política de publicação aleatória que escolhia edições inéditas sem se preocupar com a cronologia. A Red Dragon então chegou com a proposta de publicar o personagem em três frentes: inicialmente trazendo cronologicamente as edições 241 até a 379, fase que significou uma renovação para o personagem nos anos 90. Uma segunda frente será a publicação da fase clássica inédita até o número 240. Se bem sucedido essas duas frentes de publicação, aí sim recorrer ao material já publicado pelas outras editoras.
O formato segue a linha do que já conhecemos com Lilith, tamanho italiano, 396 páginas, capa cartão 250g com brilho e orelhas, papel pólen 80g no miolo. Ou seja, cada edição da Red Dragon deve reunir quatro Mister No italianas.
 
Mas para quem não conhece o personagem, Mister No foi criado em junho de 1975 para uma minissérie em apenas cinco partes escritas pelo Sergio Bonelli, mas com a identidade secreta de Guido Nollita. O título fez um sucesso tão inesperado que logo ganhou uma série mensal, e esta durou mais de 30 anos com vários especiais e alguns crossovers com Martin Mistère e o Nathan Never.

É historicamente importante na trajetória da editora, pois trata-se do primeiro quadrinho da Sergio Bonelli a não se passar no ambiente western, mas entre as décadas de 1950 e 1960 e tendo como base inicial a Amazônia brasileira. Nestas histórias acompanhamos a vida de um ex-soldado americano, Jerry Drake, que passa a viver como piloto de turismo na cidade em busca de paz depois de viver os horrores da Segunda Guerra Mundial, no entanto ele sempre acaba por se envolver investigações sobre mistérios locais.

 
Suas aventuras aos poucos cruzaram as fronteiras da Floresta Amazônica e do Brasil, mudando-se para a África temporariamente entre as edições 167 e 196; Nova York nos números 241 à 272, com uma viagem pelos Estados Unidos; e Ásia, da edição 326 até 341. Sempre bem ambientado entre os anos de 1951 e 1969, com uma edição especial na Manaus do ano 2000 no número 295.
Ao longo destes anos diversos personagens secundários acompanharam a jornada de Drake, mas vale destacar a presença do alemão Otto Kruger, apelidado de SS pelos brasileiros em referência ao exército nazista, é um homem preguiçoso e sempre frequenta o bar do Paulo Adolfo, bebendo cachaça e flertando com as mulheres. Outro personagem que aparece com frequência é a arqueóloga de nova-iorquina Patricia Rowland.
 
Além dos personagens recorrentes, Mister No encontra diversas personalidades da época: Ronald Reagan, John Wayne, Keith Carradine, Thomas Mitchell, Claire Trevor, o jovem Che Guevara, John Ford. E algumas liberdades anacrônicas como Dustin Hoffman. Uma interessante versão do personagem apareceu na revista italiana número 172 do Pato Donald, o qual Mister No tem sua versão Disney, ela foi publicada em outubro de 1994 na Itália.
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