Para que a democracia continue existindo é preciso que a sociedade lute diariamente contra os rompantes de autoritarismo e perseguição. Ao estudar o século XX percebemos o quanto nosso mundo finge ser evoluído, quando na realidade o que presenciamos é uma força enorme e constante com objetivos de destruir direitos em troca do privilégio de poucos. Como Robert Howard sempre acreditou: ” o barbarismo é o estado natural da humanidade (…) sempre há de triunfar no fim”.
É com essas palavras que Alex Magnos começa seu texto introdutório para o livro de Vermes da Terra que contém o último conto publicado por Robert Howard sobre o rei picto Bran Mak Morn, no ocaso de seu povo. O personagem que foi criado dois anos antes do Conan, encontra paralelos tanto com o próprio bárbaro cimério, que teria vivido milhares de anos antes, como com o horror cósmico de H.P.Lovecraft.
Desta vez o leitor é levado ao tempo histórico, somos apresentados a um cenário sombrio representado pelo embate entre o grande Império Romano e os diversos povos que eram massacrados se não abaixassem a cabeça. A história começa com uma sequência bárbara de violência travestida de justiça contra um picto que teria brigado com um mercador e trambiqueiro romano.
Esse era justamente o erro, um não romano agindo contra um romano, não importa quem estaria com a razão, não importa quem é o culpado, o Império tem como certo um alvo: o estrangeiro. A sequência então é protagonizada por um general romano que pune com a crucificação o picto que arrumou briga com um romano. Toda a violência e arrogância vai gerar a ira de um rei contra o Império Romano, e este rei decide encarar as criaturas das profundezas que seus antigos antepassados teriam prendido no submundo para pedir a ajuda contra um mal que ele julga pior.
É um conto pequeno, que se encerra em apenas seis capítulos, mas ricamente descritivo nos sentimentos e ambientes pelo qual Bran Mak Morn entra em contato. Compondo muito bem o quadro daquele que seria o primeiro líder dos Pictos, um povo considerado bárbaro pelos romanos simplesmente por ter outros costumes e resistir aos seus avanços de conquista. A própria coroação de Bran é estranha à seu povo que não costuma ter um líder único, mas ocorreu por causa da pressão impossível vinda do sul.
A edição da Red Dragon dá continuidade a coleção de livros de bolso do Robert Howard e traz algumas ilustrações do personagem, uma breve biografia do autor e do tradutor, além de uma introdução escrita por Alex Magnos que investiga brevemente sobre o contexto de publicação de Bran Mak Morn e suas adaptações para os quadrinhos.